Depois de levar muitas porradas, se existe uma coisa que eu aprendi na marra e a pouco tempo nessa vida foi a definir o status das minhas portas. Quando digo portas, falo de profissional, de social e claro, de afetivo também. Falo de portas que abrimos às pessoas e que por muitas vezes motivados pela vaidade, pela imaturidade ou pela inexperiência mesmo, deixamos entreabertas.
Portas entreabertas são indefinições paralelas, são mais ou menos, são estepes... Não gosto disso. Entreaberto é tudo pensamos ter, o que pensamos existir, o que achamos que está ali, mas que na verdade já se foi (nós sabemos disso).
Entreaberto é o amor mal resolvido, o emprego indefinido, o amigo meio-amigo, a paixão que ficou pela estrada... Entreaberto é também o egoísmo, o individualismo, é querer manter coisas, pessoas e sensações por comodismo, não por desejo. Entreaberto é o que não é... O que não se quer, o que não foi, o que não será... Mas que está ali, a nossa volta de alguma forma, perdido na agenda do celular. Entreaberto é excesso de gente, excesso de dúvidas, excesso de insegurança, excesso de bagagem na nossa vida. Excessos não são bons, vocês sabem. Excessos não somam para nossa vida, não se desenvolvem, não criam. Cultivem a medida certa, o equilíbrio, defina suas portas. Abra à azul, feche à preta.
Não precisamos de nada além de transparência e um pouco de malícia para definirmos quais são as portas verdadeiramente necessárias, felizes e importantes para nós. Vale repensar o sentido de cada uma, o que cada uma representa pra gente. Pois é preciso separar portas de portas para distinguirmos umas das outras - Portas do bem de um lado, portas do mal de outro - Para deixarmos umas bem escancaradas e outras literalmente fechadas, trancadas e distantes da nossa vida.
Existem portas que só nos fazem mal, que só nos leva aos abismos, abismos estes algumas vezes existentes dentro de nós mesmos. Não se tranquem nas portas do passado, acreditem no presente, abram novas portas.
Muitas pessoas me consideram radical quando o assunto é relacionamento... Mas do lado de cá tenho outra convicção, sou extremamente sincera com as pessoas que convivem comigo. Se isto é ser radical, tudo bem, eu sou então... Porque manter as aparências definitivamente não é a minha onda, não consigo viver relações entreabertas ou mal resolvidas. Tenho uma dificuldade absurda de ser política e socialmente correta para o mundo. E uma facilidade sobrenatural para enxergar e aceitar as coisas como elas são. Desculpe, mas eu não sei abrir um sorriso para uma pessoa que eu não gosto.
Eu não sei agradar se eu não estiver a fim, alguém pode me ensinar? Acho que a transparência é essencial em tudo, é a minha verdade, a minha sinceridade comigo mesmo. Não abro mão disso. O namoro acabou? Que ele siga a vida dele e seja feliz pra lá, não consigo ser amiga de ex-namorado(a)... Você consegue, outros conseguem, parabéns, mas eu não. A amizade se quebrou? Então que ela acabe de vez, porque pra mim amigo que é amigo não se torna conhecido (não que eu já não tenha errado, já errei e feio...), ou é ou não é.
Eu não sei se vocês me entendem, mas não há nada de tão complexo ou radical nisso... Eu apenas gosto das coisas abertas, sinceras, estampadas, verdadeiras. Isso é o mínimo, não? Tenho poucas pessoas comigo, admito, mas são poucas muitas, entendem? São pessoas que estão comigo de verdade e que não vão mudar se eu ficar mais pobre, mais rica ou se eu tatuar um dragão verde e amarelo na minha cabeça. São pessoas queridas que me fazem um bem enorme, que me dizem a verdade, que lutam pela felicidade e por um dia melhor junto comigo. Eu dispenso uma coleção de pessoas. Ao meu lado, na minha casa, na minha vida, eu só quero gente do bem e isto não é uma opção, é a minha regra.